Desigualdade Alimentar no Brasil: Exportações Recordes e Fome Persistente
- Empresa Salus Jr
- 14 de out. de 2023
- 2 min de leitura
Enquanto o Brasil comemora recordes de exportação de alimentos, os dados revelam uma realidade preocupante no país. De acordo com o inquérito "Olhe para a Fome" e o estudo "Premature Deaths Attributable to the Consumption of Ultraprocessed Foods in Brazil", 33 milhões de brasileiros passam fome e 125 milhões não se sentem seguros em relação à capacidade de se alimentar no futuro. Além disso, 6 em cada 10 adultos e, 1 a cada 3 crianças apresentam excesso de peso, e 57 mil mortes prematuras foram atribuíveis ao consumo de produtos ultraprocessados em 2019.
A tributação no setor alimentício agrava a situação, pois os alimentos saudáveis tornam-se mais caros em cada etapa da cadeia produtiva, enquanto os ultraprocessados recebem créditos tributários e se tornam mais baratos e acessíveis. Bebidas açucaradas, macarrão instantâneo e outros ultraprocessados têm alíquotas reduzidas, enquanto alimentos nutritivos, como sucos de frutas integrais, são sobrecarregados com taxas.
As consequências da alimentação não-saudável refletem na saúde pública, sobrecarregando o SUS no tratamento de doenças como obesidade, doenças cardíacas, câncer, diabetes e outras enfermidades. Somente o consumo de bebidas açucaradas gera um custo de R$ 3 bilhões ao ano para o SUS.
Os impactos da insegurança alimentar recaem de forma desigual sobre as minorias étnicas e de baixa renda. Os lares comandados por pessoas pretas e pardas enfrentam mais restrições de alimentos, e o aumento no consumo de ultraprocessados foi mais expressivo entre a população negra, indígena, moradores de áreas rurais e das regiões norte e nordeste.
Os pesquisadores defendem uma reforma tributária que promova a saúde, com isenção de ICMS para alimentos saudáveis, impostos seletivos para produtos nocivos e aumento da tributação sobre ultraprocessados. Além disso, destacam a importância de construir mercados efetivos onde os produtos acessíveis sejam produzidos para os mais vulneráveis, buscando mudanças estruturais no modelo de desenvolvimento e produção do Brasil.
Fonte
Conselho Nacional de Saúde
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